Projeto Lugar, limites e fronteiras
Lugar, limites e fronteiras é um desdobramento da exposição Vamos a la playa, que aconteceu em maio de 2024, no Espaço QuadraSoltas, no Porto, quando apresentei pinturas com paisagens marinhas e a figura de uma mala como protagonista. De que forma este cenário se relaciona com o imaginário do espectador migrante? De onde, para onde, e que limites se impõem ao cruzarmos fronteiras? Com estes questionamentos, realizei o vídeo Conexão perdida, que aborda o não-lugar das praias a partir do relato de um sonho, e faz referência ao filme histórico Limite (1931), do cineasta brasileiro Mário Peixoto.
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1. Vídeo
Conexão perdida (2024)
→ Vídeo baseado no relato de um sonho, com referências ao filme Limite (1931). Apresenta o tema do não-lugar das praias e a sensação de perda de conexão.
2. Pinturas
A noite é transparente I (2024)
A noite é transparente II (2024)
→ Da série É noite, mas precisamos ir à praia. Já haviam sido apresentadas na exposição Vamos a la playa.À deriva (2025)
Procurando um bem (2025)
→ Novas pinturas figurativas em formato vertical. Inspiradas em frames do filme Limite, com uma paleta expressionista colorida (violetas, rosas, azuis). Abordam sensações de estar perdido e não pertencimento.iption text goes here
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Lugar, limites e fronteiras é um desdobramento da exposição Vamos a la playa, que aconteceu em maio de 2024, no Espaço QuadraSoltas, no Porto, quando apresentei pinturas com paisagens marinhas e a figura de uma mala como protagonista. De que forma este cenário se relaciona com o imaginário do espectador migrante? De onde, para onde, e que limites se impõem ao cruzarmos fronteiras? Com estes questionamentos, realizei o vídeo Conexão perdida, que aborda o não-lugar das praias a partir do relato de um sonho, e faz referência ao filme histórico Limite (1931), do cineasta brasileiro Mário Peixoto.
O projeto discute pontos de interseção de narrativas visuais entre o cinema e a pintura. Para formar parte desta mostra coletiva, no Centro Cultural Doctor Madrazo, apresento A noite é transparente I e II (2024), da série É noite, mas precisamos ir à praia, que estiveram presentes na exposição anterior, Vamos a la playa.
Além das obras mencionadas acima, o novo capítulo da história da mala inclui agora duas novas pinturas figurativas em formato vertical. Frames do filme Limite (1931), usados no vídeo Conexão perdida (2024), saem da tela do projetor e vão para o ateliê de pintura. A estética expressionista do cineasta brasileiro, com grandes contrastes em preto e branco, dá lugar aos violetas, rosas e azuis saturados das pinturas À deriva (2025) e Procurando um bem (2025), reforçando a sensação de estar perdido e de não pertencimento, comuns aos migrantes.
O barco à deriva e personagens do filme Limite são fortes referências às pinturas que criei para a exposição coletiva Prova d'arte (2025).
O “roteiro” escrito para viajar a Santander, na Espanha, se quer não só cinema e não só pintura. Nesta série, a mala se perde no mar e tento resgatá-la através da pintura.
Projeto “Vamos a la playa”
O projeto "Vamos a la playa" se inicia após a exploração do suporte 3D, com o tema das malas, cuja pesquisa em pintura se desenvolve desde 2019.
Partindo de ensaios fotográficos e da realização dos primeiros esboços, surge a vontade de aprofundar a ideia de "Lugar", sobrepondo-se ao conceito inicial de "Movimento", com o qual vinha trabalhando. A vontade de estar em outro lugar, a ideia de viajar para o outro lado do oceano, me fez pensar neste projeto, que vem sendo construído no ateliê com pinturas de pequenos e médios formatos.
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O projeto "Vamos a la playa" se inicia após a exploração do suporte 3D, com o tema das malas, cuja pesquisa em pintura se desenvolve desde 2019.
Partindo de ensaios fotográficos e da realização dos primeiros esboços, surge a vontade de aprofundar a ideia de "Lugar", sobrepondo-se ao conceito inicial de "Movimento", com o qual vinha trabalhando. A vontade de estar em outro lugar, a ideia de viajar para o outro lado do oceano, me fez pensar neste projeto, que vem sendo construído no ateliê com pinturas de pequenos e médios formatos.
Exploro a paisagem do litoral para onde o personagem “Mala” pretende ir. Viajar com a mala até a praia pressupõe escolher formatos de trabalhos que caibam nela. Como parte do projeto, foi criada a série de pinturas "É noite, mas precisamos ir à praia", que participou da exposição 12 x 12, em Lisboa, em 2023, num estudo de elementos que habitualmente se encontram nas praias, em formato quadrado.
Para a exposição individual que abre dia 25 de maio de 2024, na Galeria Espaço QuadraSoltas, proponho uma reflexão ao público, em pinturas de paisagens marinhas, em que a vista quer alcançar a linha do horizonte. De onde, para onde, e que limites se impõem ao cruzarmos fronteiras? De que forma este cenário se relaciona com o imaginário do espectador imigrante?
No caminho, esbarro nas fronteiras entre fotografia, cinema e pintura. No meu campo de atuação, discuto pontos de interseção de narrativas visuais entre o cinema e a pintura. Portanto, está previsto para esta exposição um outro suporte, que vai além do quadro da pintura, como uma vídeoarte.
A pesquisa que desaguou na frase "Vamos a la playa" teve como pilares as palavras: Mala, Mar e Horizonte.
A mala tem sido utilizada por mim em suas múltiplas camadas de significados, e foi associada com frequência às ideias de movimento e deslocamento. O conceito de "Lugar" surge agora, adicionando à metáfora anterior uma nova característica, já que depois da pandemia a mala volta a circular por este local: o mar. O espaço do litoral entra em cena, onde a água que banha o oceano Atlântico encontra como fronteira o horizonte.
A sonoridade e a história da música Vamos a la playa, dos irmãos Righera, me acompanharam durante todo o processo e traduzem bem a atmosfera em que submergi ao realizar as pinturas que apresento aqui. Este foi um grande hit de verões no Brasil e, embora sua melodia seja muito alegre, a letra fala do temor do conflito nuclear entre Estados Unidos e União Soviética, ainda na época da Guerra Fria (1947–1991).
Nos anos 80, Vamos a la playa tocava nas rádios de Santa Catarina, no sul do Brasil, quando milhares de hermanos argentinos cruzavam a fronteira para aproveitar o verão em nossas praias.
O mar me acompanha desde sempre, e acredito que a praia seja um lugar de afeto para muitos imigrantes, como eu, aqui na Europa. Muitos brasileiros que vivem no Porto sonham com as águas mornas do nordeste do Brasil e em pisar a areia branca do nosso território, do norte da Amazônia até as fronteiras ao sul, onde encontram a língua hispânica.
Como na música, nem tudo é tão bonito quanto parece, e o momento de tensão entre duas grandes potências permanece, trazendo uma ameaça grande à vida nos oceanos. A mala que trago hoje para as praias do Porto sobreviveu às grandes ondas de Nazaré e ainda teme e chora pelas guerras na Europa. Ela ainda morre de saudades das águas mornas do outro lado do Atlântico. Mas aprendeu a amar um outro Rio e suas lindas praias, que além de florestas têm muitas vinhas — um rio que não é de Janeiro, mas deságua no mesmo mar.
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Trabalhos que compõem o projeto
Série “É noite, mas precisamos ir à praia”
Pinturas em formato quadrado, com elementos visuais ligados ao ambiente de praia.
Participou da exposição 12 x 12 em Lisboa, em 2023.
Também foi apresentada na exposição Vamos a la playa, na Galeria Espaço QuadraSoltas, em 2024.
Vídeo “Conexão perdida” (2024)
Vídeoarte que aborda o “não-lugar” das praias a partir do relato de um sonho.
Faz referência ao filme Limite (1931), de Mário Peixoto.
Estabelece uma conexão entre pintura, cinema e fotografia.
Pinturas figurativas: “À deriva” (2025) e “Procurando um bem” (2025)
Em formato vertical.
Inspiradas em frames do filme Limite, com paleta saturada de violetas, rosas e azuis.
Criadas para a exposição coletiva Prova d’arte 2025.
Reforçam os sentimentos de deslocamento e não pertencimento, típicos da experiência migrante